terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Top livros 2013

O ano está chegar ao fim, é uma altura de reflexão em que se revê o ano que passou. É também a minha altura favorita do ano em termos de livros, filmes e afins. É altura em que a Internet é inundada de listas e mais listas do que foi melhor durante o ano. E eu adoro listas! Nada melhor para se descobrir um novo livro, ouvir um álbum desconhecido, ou ver aquele filme que nos passou completamente ao lado. Aqui fica o meu modesto contributo para a listopia da Internet.

A lista não se cinge a livros editados no ano 2013, mas sim a livros que li durante este ano e que ficaram no meu top de leituras.

1-Black Prism de Brent Weeks

Simplesmente fantástico! O meu livro favorito do ano, e um dos melhores livros de fantasia que tive o prazer de ler. Primeiro livro de uma trilogia, Black Prism é complexo, cheio de reviravoltas, e impiedoso com o leitor dando verdadeiros "murros no estômago". Basta para isso dizer que numa das revelações mais bombásticas fechei o livro, e durante dois minutos chamei nomes feios a Weeks. Espero mesmo que algum dia chegue ao mercado português, é genial.




2- Prince of Thorns de Mark Lawrence

Bem-vindos ao interior da cabeça de uma das personagens mais sádicas e megalómanas da fantasia! Jorg Ancrath é cruel, mentiroso, desonesto, sádico. Jorg Ancrath é espetacular! Uma lufada de ar fresco para quem está cansado do herói bondoso e altruísta que vence sempre no fim. Neste primeiro volume da trilogia (que já está terminada Lawrence não brinca) conhecemos Jorg e o mundo que habita, uma espécie de futuro em que uma guerra passada devastou o mundo mergulhando-o de volta à idade das trevas. Bem escrito e divertido este livro tem tudo. É fantástico ver as personagens encontrar uma tecnologia passada perdida e tentarem adivinhar o que se trata ou julgar que é alguma magia negra. Mais uma vez esperemos que seja publicado por cá.


3- O Exorcista de William Peter Blatty

Crítica aqui no blog alguns posts atrás, não me vou alongar muito mais. É um livro com uma escrita tão bem elaborada, com uma história assustadora sim, mas vale tão mais que isso. Talvez a maior surpresa do ano nas minhas leituras, não estava nada à espera de ser arrebatado desta maneira. Hey e é uma pechincha comprem!






4- Ready Player One de Ernest Cline

O paraíso de qualquer geek, principalmente para os que cresceram nos anos 80 e 90. A crítica está no primeiro post do blog. Como se debruça sobre a cultura pop dos EUA na altura, dificilmente será traduzido para português.







5- Aprendiz de Assassino de Robin Hobb

O meu primeiro contacto com esta saga deu-se apenas este ano, e como todos os que já leram fiquei rendido a Fitz e às suas desventuras. É um livro maduro, uma história cheia de emoção e um grande livro de fantasia. Dispensa apresentações, e brevemente terminarei a primeira trilogia, nessa altura direi mais qualquer coisa.







6- O Hobbit de J.R.R. Tolkien

Dispensa apresentações. A espécie de prequela  do Senhor dos Anéis. Era uma falha minha nunca ter lido este livro sendo eu um enorme fã de Tolkien ( Senhor dos Anéis e O Silmarillion são os meus livros favoritos de fantasia de sempre, e que me introduziram no género era eu um menino). Com um tom diferente que a obra maior de Tolkien, afinal O Hobbit é um livro para um publico mais jovem, não deixa de ter aquela magia que só Tolkien consegue imprimir nas palavras. Ainda hoje face a grandes autores, arrepio-me quando penso no génio de este senhor ao criar tudo o que criou. Mágico!



7- O Pistoleiro de Stephen King

O início de uma das maiores aventuras da fantasia, muitas vezes comparadas a grandes obras como a de Tolkien, O Pistoleiro é um misto de fantasia, FC e horror. Roland é uma personagem cheia de mistérios, e o antagonista, o homem de negro, é neste livro um dos aspectos maiores, com todo o misticismo à sua volta. Uma grande leitura, em português, e que vale a pena apoiar! Não queremos que aconteça o mesmo que aconteceu a outra serie publicada pela Bertrand pois não?!





 8- Consider Phlebas de Iain M. Banks

O primeiro livro no Universo de Culture. Ficção Científica de qualidade, grandes conceitos e imaginação, e que levanta questões sociais e ideológicas bastante interessantes. Já faz falta ao mercado português ver mais FC de qualidade, pode ser que 2014 seja o ano.







9- Red Shirts de John Scalzi

Com um conceito completamente "louco" Red Shirts é um livro hilariante. Num universo bastante parecido ao de Star Trek, um dos tripulantes da nave espacial Intrepid começa a questionar o porquê de sempre que uma away team é realizada um dos soldados mais rasos, os red shirts ser morto, e nunca nenhum dos oficiais sofrer o mesmo destino. No meio de universos alternativos e questões metafísicas temos um livro bem engraçado.





10- Bitter Seeds de Ian Tregillis

Aqui está um livro que podia ver a luz aqui por terras lusas. A premissa é simples, um cientista louco nazi desenvolve um programa de treino de super soldados. Os poderes vão desde voar, a lançar bolas de fogo, ou a premonição. Face a esta nova ameaça com o que é que os aliados respondem? Com feiticeiros que conjuram seres de outro mundo através de sacrifícios. Parece uma ideia maluca? Parece, mas resulta! O livro tem os seus problemas, é a estreia do autor e tudo mais, por isso os pequenos problemas são perdoados. O primeiro de uma trilogia, que vou com certeza terminar.



E aqui estão os dez melhores livros que li durante 2013. Decidi não incluir BD, não porque não ache que seja um veículo para contar histórias tão potente quanto um livro, aliás algumas publicações que li neste ano tinham lugar no top com certeza, foi apenas para me facilitar a escolha. Como seria de esperar acabei por ler mais em inglês, mas foi quase 50/50.

Foi um bom ano de leituras, tenho que abater a lista de espera para começar a ler publicações que vão saindo. Mas falar é fácil, parece que o monte não acaba nunca, mas está diminuir.

A todos um Feliz 2014, e boas leituras!


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Arrumações

Hoje foi dia de arrumações na caverna! Ando há muito tempo a tentar descobrir qual é a melhor maneira de organizar os meus livros na estante, por autor? Por género? Livros lidos e não lidos? Um misto de todos? Demasiadas escolhas para tão pouco espaço! O que acontece é que de quando em vez lá vou eu desarrumar a estante principal ( porque há mais mas não as posso chamar minhas ) e altero completamente a ordem.

Desta vez ficou tudo separado em livros que já li e livros por ler. Tentei manter livros dos mesmos autores juntos, e que tudo tivesse um ar "catita", mas a falta de espaço é tramada. Este exercício de quem não tem mais que fazer e claramente está de férias, serve para mais do que parece. Acabo por sentir o pulso à minha parca colecção, e para onde os meus gostos se tem inclinado. Além de que me divirto à brava, porque como já disse em várias ocasiões a amigos, acho que gosto mais dos ter do que os ler, e isto de os arrumar e tê-los nas mãos, folhear sentir o cheiro... Só quem gosta mesmo de livros sabe do que estou a falar.

Alguns dos pontos que anotei nesta reorganização:


  • O número de livros que possuo e  já li finalmente é maior dos que os que não li! (Obrigado Sylvia pela proibição)
  • O número de livros em Inglês é cada vez maior. Facilidade em ler nessa língua, o preço dos paperbacks, e o preço pornográfico dos livros em Portugal muito para isso contribuem. Mas mesmo assim a maior razão é mesmo a maior parte dos livros que me despertam interesse não estarem publicados na nossa língua. Ultimamente isto tem vindo a melhorar.
  • Vou ficar sem espaço na estante no próximo ano... (ou pelo menos para todos os livros continuarem bonitinhos e todos à mostra)
  • Tenho que arranjar espaço! Para isso vai contribuir a aquisição de um e-reader nesta quadra festiva. (se querem ter surpresas no natal não abanem as caixas nem associem o tamanho às lojas dos embrulhos)
  • Fantasia continua a dominar. Seguido de Ficção Científica, Horror, e Banda Desenhada que cada vez mais é um género que me desperta interesse.
  •   As séries/trilogias/sagas e afins são cada vez mais. Não que isso propriamente seja um problema, o problema é mesmo o tempo que demoram a ser concluídas. Tenho demasiadas series com apenas um ou dois volumes, que sei vão ter mais instalações. Podia simplesmente eliminar series e sagas que ainda não chegaram ao fim, mas pesa-me a consciência estar a passar ao lado de livros que possivelmente são muito bons. Mas não vou iniciar outra serie até pelo menos uma das que leio actualmente estar concluída. Não tenho mais espaço na minha vida para vocês series!
  • Gosto mesmo de livros!



Aqui ficou o resultado final, pelo menos por enquanto!

Aproveito este post para desejar boas festas e boas leituras a todos.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Consider Phlebas

"A guerra assolava a galáxia, Biliões haviam morrido, biliões mais estavam condenados. Luas, planetas, as próprias estrelas, enfrentavam destruição. Os Idirans lutavam pela sua Fé; a Culture pelo seu direito moral a existir. Princípios estavam em jogo. Não podia haver rendição."

Consider Phlebas é o primeiro livro no universo criado por Iain M. Banks, Culture. Penso que todos os livros no universo são histórias independentes umas das outras, mas como tudo nada melhor que começar no início.

A galáxia encontra-se em guerra. Duas das maiores facções lutam por motivos diferentes. De um lado temos os Idirans, uma raça guerreira alienígena que vive para se expandir e levar a sua crença religiosa e o seu Deus aos povos inferiores da galáxia, pois consideram-se os escolhidos para essa tarefa. Do outro lado temos a Culture (ou Cultura em português). A Culture é uma utopia tornada realidade. A Singularidade (ponto em que máquinas atingiram um nível de inteligência superior que os humanos) aconteceu e máquinas sencientes, as Mentes, governam a Culture, libertando os seres humanos para perseguirem todo e qualquer objectivo ou sonho que desejem.

O universo criado por Banks tem por isso uma forte componente política, em que dos dois lados estão ideologias completamente opostas. Sem nunca transparecer que uma ideologia é melhor que a outra, mesmo tendo o protagonista principal claramente contra uma delas, Banks tece uma frágil teia ideológica, política, e moral que nos cativa e levanta tantas questões quantas bons livros nos devem levantar. Estar do lado da evolução biológica, da crença religiosa? Ou do avanço tecnológico, tal que temos entidades parecidas com deuses, mas perdemos a identidade, a busca do que nos faz humanos, entregar o destino nas mãos de outro.

São estas e outras questões que o protagonista desta história deve ter enfrentado, tendo se decidido pelo lado dos Idirans. Horza de seu nome. Humano. Mas uma espécie diferente de humano. Horza é um Changer, o que significa que consegue transformar a sua aparência física e copiar outro qualquer ser humano. Inevitavelmente a sua raça foi recrutada pelos Idirans, e encarregue de missões de espionagem.

É nesta situação que primeiro conhecemos Horza, literalmente com "porcaria até ao pescoço" numa das situações mais bizarras do livro. Desde aí uma espiral de acontecimentos se desenrola. Após Horza ser salvo de uma situação complicada, uma nova missão é lhe atribuída. Uma Mente da Culture despenhou-se num Planeta dos Mortos, e os Idirans querem capturar essa Mente. Para isso decidem enviar Horza, pois só ele conseguirá ter acesso ao Planeta dos Mortos. E é aqui que me apercebo de que este livro é apenas a porta de entrada para um Universo maior.

Passo a explicar, os Planetas do Mortos mais não são que museus, exposições à escala planetar de civilizações que dizimaram toda a vida nos planetas que habitavam, incluindo a sua. Estes planetas são guardados, ou neste caso curados, por seres extraordinários, quase deuses, chamados Dra'Azon, que não admitem interferências do mundo exterior com os seu monumentos à morte. Por quão interessante e rico isto possa parecer, não passa de uma história secundária, um doce dentro do saco de gomas que é todo o livro.




À medida que acompanhamos Horza na sua missão muitas mais situações se desenrolam, desde a captura por selvagens canibais liderados por um profeta louco, a um jogo de sorte e azar em que perder uma vida significa perder literalmente uma vida humana, ao inevitável confronto final que se torna mais pessoal que profissional.
Horza não é de todo o herói que se espera, tem defeitos, e várias vezes dei comigo a discordar com a maneira que agia, ou a achar um seu opositor mais digno.

Mas aí está a beleza deste grande livro de sci-fi! Não é tendencioso para qualquer dos lados do conflito, e embora eu tenha a maior parte das vezes alinhado mais com a ideologia da Culture, várias foram as vezes que discordei também. Um grande livro para iniciar um Universo que ao que tudo indica será rico e cheio de ambiguidade moral e surpresas.

O aspecto mais negativo do livro será a forma algo rápida, na minha opinião, como o final se desenrolou. Não a batalha e acontecimentos finais, mas o tratamento. Queria saber mais sobre os Dra'Azon, Sobre a Culture e o seu modo de vida. Sobre o passado dos Idirans. O que no fim acaba por não ser sequer um aspecto negativo.



Infelizmente Iain M. Banks deixou-nos durante este ano. A melhor forma de honrar a sua memória será lendo a sua obra que se estende não só pelo ramo da ficção cientifica com os livros no Universo Culture, mas também com os seu livros de literatura genérica assinados sob o nome de Iain Banks. Infelizmente não existe uma edição recente das obras de Banks em Portugal. Uma pesquisa rápida pelo site da Wook mostrou-me que, para grande surpresa minha, este livro está publicado em português. Uma publicação de 1991, que está apenas a 6,32e! É de aproveitar, é um grande livro, o qual recomendo. Embora existam mais livros neste Universo, Pensa em Phlebas  pode ser lido individualmente sem qualquer problema.

Se procuram boa ficção científica, aqui está uma opção a considerar.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O Pistoleiro - Torre Negra 1

"O homem de negro fugiu pelo deserto e o pistoleiro foi no seu encalço."

Assim começa a aventura de Roland Deschain, o último pistoleiro, num mundo que avançou. Por muitos considerada a obra maior de Stephen King, a saga da Torre Negra demorou 20 anos para ser escrita (e esta fãs de GRRM?!) com mais de 30 milhões de livros vendidos, é uma das series mais famosas do fantástico, que finalmente chegou a Portugal.

No primeiro volume desta saga épica o pistoleiro persegue o homem de negro, uma figura misteriosa de que pouco sabemos, apenas que Roland o tem que alcançar, e consequentemente chegar à Torre Negra. Adoro o facto de não sabermos praticamente nenhuma das motivações de Roland no início, porque persegue ele o homem de negro? Porque quer tão desesperadamente alcançar a Torre Negra? Quem é Roland? Quem é o homem de negro? E que mundo é esse em que o pistoleiro habita?
Ao longo do primeiro volume vamos tendo alguns vislumbres de respostas a essas questões, para outras logo de seguida se levantarem, o que só trás mais mistério e interesse em virar só mais uma página. Além de nos mergulhar directamente na acção, seguindo a máxima "mostra, não digas".

O mundo do pistoleiro, embora com várias parecenças com o nosso, é algo diferente, como tantas vezes nos aparece é um mundo que avançou. Todo este mistério adensa-se quando Roland conhece um rapaz, ao que tudo indica, de Nova Iorque, levantando assim a possibilidade de outros mundos existirem.

Como inspirações para o livro são referidas um poema de Robert Browning Childe Roland to the Dark Tower Came, bem como as lendas arturianas e a Terra Média, o mundo criado por Tolkien. Mas a inspiração mais óbvia é a do pistoleiro em si. Inspirado em Clint Eastwood no Bom, Mau e o Vilão, Roland é um herói solitário que perdeu tudo, um pistoleiro exímio que consegue arrancar as asas de uma mosca, que vive em constante luta com fantasmas do passado, e parte numa missão de busca e redenção.

Se Roland é um personagem fulcral neste primeiro volume, não podemos esquecer o mítico homem de negro. Pouco se sabe dele, apenas que possuí poderes estranhos e perigosos, e que pode dar as respostas que o pistoleiro tanto quer.


O Pistoleiro é o primeiro volume da Torre Negra, com o segundo a chegar em Janeiro do próximo ano (não tenho certeza quanto a esta informação, mas penso que foi a data que vi algures na net). Recomendo absolutamente! É um leitura rápida, um misto de fantasia, sci-fi e terror, com um personagem cativante, um antagonista ainda mais cativante, com mundos alternativos estranhos, e a porta para uma das melhores sagas de fantasia.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Leitor de Cadáveres

"Na antiga China, só os juízes mais sagazes atingiam o cobiçado título de «leitores de cadáveres», uma elite de legistas encarregados de punir todos os crimes, por mais irresolúveis que parecessem. Cí Song foi o primeiro."

Estava dado o mote, para o que tudo indicava, estar na presença de um bom livro histórico, baseado numa época interessante de uma cultura milenar, e na vida e obra do pai do CSI. Mas a verdade é que o autor não soube aproveitar o material que tinha em mãos, e acabou por entregar um livro, a meu ver, vazio.

As expectativas são uma coisa tramada. É óptimo quando abordamos um livro com as expectativas em alta e somos surpreendidos quando ainda assim são superadas. E é péssimo quando, como aconteceu neste caso, são defraudadas. A verdade é que este livro tinha tudo para dar certo, se não vejamos: a cultura chinesa de então é riquíssima e tem sempre um apelo exótico para nós ocidentais, e a figura de Cí Song por si, quem não se interessaria pelo pai da ciência forense? Estamos a falar de um individuo que no século XIII resolvia crimes com ciência, e fazia testes de paternidade!

Tomei conhecimento do livro através de um post de promoção do próprio autor, Antonio Garrido, no io9.com. Com pena minha o post de promoção cativou-me mais que o livro propriamente dito. O problema do livro , ou o que me fez pousar o livro com um impropério e dizer "fico por aqui", é o facto de não haver conexão nenhuma entre as situações que o autor nos esfrega na cara. Dá a sensação que leu imenso sobre a cultura e costumes de então, e os quer espremer "à força toda" no livro, sejam eles relevantes ou não. O autor deveria com isto querer descrever o ambiente da China do século XIII, mas acabou por saber a info dump

Outro dos problemas prende-se com o facto da personagem principal, Cí Song, ser exactamente o oposto do que deveria ser. Na tentativa de criar uma personagem inteligente, mas socialmente obtusa, acabamos por ter alguém que foge ao mínimo confronto, e que acaba por resolver as contrariedades que vão surgindo quase por sorte.

Em suma, não me senti transportado para a Antiga China, a personagem de Cí Song não me cativou, e dificilmente voltarei a ler outro livro de Garrido, pois o problema foi mesmo a sua forma de escrita, porque a ideia era boa. É verdade que não acabei o livro, desisti na página 200 e qualquer coisa, e que há uns tempos atrás não o faria, remando contra a maré até acabar o livro, mas como Robin Hobb disse " Não acabo livros que não gosto. Há demasiados bons para serem descobertos".

Terei que saciar a vontade de um bom livro histórico noutro sítio, opções não faltam por isso venha o próximo. Ainda assim não quer dizer que outro não apreciem "O Leitor de Cadáveres" , a mim não me encheu de todo as medidas, e sabendo que há melhor, o meu tempo é também melhor empregue.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Compras de Natal

O Natal está aí à porta, aliás como já devem ter reparado quando se sai à rua. Já se vêem os enfeites de Natal, as músicas típicas da quadra, e o frio de Inverno aperta cada vez mais. É também a altura em que se celebra a família, e nos enchemos do espírito de partilha e oferecemos presentes aos que nos são mais queridos. Ora nessa mesma onda decidi fazer aqui um pequeno guia de compras para nós os geeks do Fantástico.

Mais não passa de uma lista de livros e afins que a mim me despertam interesse. Costumo ser fácil de agradar, já que nestas alturas perguntam-me "então o que queres?" e eu respondo sempre o mesmo "dá-me um livro". Tanto que acabo por já não receber livros de ninguém.

Pode ser que outros achem a lista interessante, e encontrem um presente, nem que seja para eles próprios!

O Silo de Hugh Howey, foi recentemente publicado em Portugal depois de grande sucesso lá fora, e mostra como os escritores que se auto-publicam podem ter sucesso. Num mundo distópico em que a superfície é um lugar devastado e tóxico,  uma comunidade vive num silo debaixo de terra sujeita a regras e disciplina. Mas há sempre aqueles que alimentam a vontade de sair para a superfície, mas essas pessoas são perigosas e infectam a mente dos restantes. A esses o castigo é simples. É lhes dado o que pedem, e são autorizados a sair.
Se é de um cheirinho pós-apocalíptico que estão à procura O Silo é a escolha.


 A Cúpula de Stephen King, recentemente adaptado com sucesso para a TV, foi agora publicado pela Bertrand que detém os direitos do autor em Portugal.
Numa tarde como tantas outras em Chester's Mill, uma enorme cúpula aparece rodeando toda a cidade. Ninguém consegue sair, ou entrar. O grupo de habitantes encurralados precisa de encontrar uma saída, pois o tempo pode estar acabar.
Trata-se do livro 1 com o livro 2 a sair brevemente.
King habituou-nos a grandes obras, e esta não deve fugir a isso.



Tigana de Guy Gavriel Kay, autor sobejamente conhecido no mundo da fantasia como o indivíduo que prova que grandes livros de fantasia não precisam de ser series infindáveis ou trilogia.
Numa nação oprimida por tiranos um povo tenta libertar-se do jugo opressor dos mesmos. Após anos de domínio, um pequeno grupo de sobreviventes liderados por um príncipe, luta para destronar os Reis que governam a península, e devolver um nome esquecido.
Kay nunca desilude, e Tigana é tido como um dos seus melhores livros. Se gostarem não se esqueçam de pegar no seu outro grande livro publicado em português pela Saída de Emergência Os Leões de Al-Rassan.

A Guerra Diurna de Peter V. Brett, a Saga do Homem Pintado continua neste terceiro volume da serie. Num mundo em que demónios se erguem todas as noites do núcleo, o povo oprimido aguarda a chegada do lendário Libertador, aquele que irá derrotar de vez a ameaça dos demónios.
Brett criou um universo fantástico, se não conhecem a serie peguem no primeiro volume O Homem Pintado que até está a um preço simpático, recomendo vivamente a serie.




O Pistoleiro - A Torre Negra livro 1 de Stephen King, mais um livro de King na lista, este já publicado algum tempo. Incluo aqui para que ninguém passe ao lado da obra mais ambiciosa do autor, e quanto mais gente ler mais certezas que a Bertrand publica a serie completa.
Roland de Gilead é o último dos pistoleiros que acompanhamos na sua missão, perseguir o homem de negro. Num "mundo que seguiu em frente" com um visual extraordinário, um misto de fantasia e horror, a Torre Negra é uma leitura obrigatória.



O Jogo Final de Orson Scott Card, recentemente adaptado para o cinema, é das maiores obras de sci-fi, e também das mais controversas devido à polémica que envolve o autor. Mas sou da opinião que a obra está dissociada das ideias e visões do autor, desde que essas não transpareçam no livro.
Ender, o protagonista, é uma criança génio recrutada para um programa militar que treina crianças num simulador, com vista a preparar a humanidade para a chegada de um exército alienígena que poderá aniquilar a humanidade. Ganhou os prémios Hugo e Nebula no ano que foi publicado.



Quando o Cuco Chama de Robert Galbraith, podiam passar por um expositor deste livro e talvez não despertasse o interesse. Agora se nesse mesmo expositor estivesse o seguinte aviso: "Pseudónimo de J.K. Rowling" talvez as coisas mudassem drasticamente.
Um policial com Londres em pano de fundo, e que ao que tudo indica, com a qualidade a que a autora de Harry Potter nos habituou.





Se procuram umas opções mais em conta, estão disponíveis alguns packs interessantes:

Pack o Melhor da Fantasia- Contém "Os Leões de Al-Rassan" ; "As Mentiras de Locke Lamora" ; "Nação" ; "O Prestígio"

Pack Guerra dos Tronos 

Bem como alguns livros da colecção 1001 Mundos ao preço da chuva:

Ar- Geoff Ryman; Vencedor dos prémios Arthur C. Clark e British Science Fiction Award.

O Exorcista- William Peter Blatty; Crítica no blog, livro fantástico.

A Guerra é Para Velhos- John Scalzi; Nomeado para o Hugo.

Brasil- Ian McDonald; Nomeado para o Hugo e Nebula, vencedor do British Science Fiction Award.

Onde os Últimos Pássaros Cantam- Kate Wilhelm; Vencedor do Hugo.

Outra recomendação em conta agora que se encontra em promoção na Fnac é o Kobo Mini. É verdade que não é um Kindle, e que um e-reader não substitui um livro, mas pode complementar. Há bem pouco tempo teria me dado bastante jeito, quando se vai viajar não se pode levar todos os livros que queremos na mala. Com um e-reader podemos. De aproveitar que está apenas a 40e.

Termino com algumas sugestões para quem tem facilidade em ler Inglês e compra livros lá fora:

Ocean at the End of the Lane- Neil Gaiman Novo livro de Gaiman, um autor sempre acompanhar.

NOS4A2- Joe Hill Quem sai aos seus não degenera, e o filho do grande Stephen King prova que os genes foram bem herdados.

The Republic of Thieves- Scott Lynch Finalmente o terceiro volume de Gentelmen Bastard, enquanto se aguarda que por cá se publique o segundo volume, quem pode tem aqui mais uma dose de Lamora.

Leviathan Wakes- James S.A. Corey O primeiro livro da serie Expanse, uma space opera que saiu das mentes de Daniel Abraham e Ty Franck.

Black Prism- Brent Weeks O melhor livro de fantasia que li este ano provavelmente. O segundo volume já saiu, e o terceiro está muito próximo.

Saga- Brian K. Vaughan O graphic novel multi condecorado de um dos criadores da adaptação de Under The Dome ( A Cúpula) para a TV.

Locke and Key- Joe Hill Arte de Gabriel Rodriguez e a imaginação de Joe Hill trazem um graphic novel cheio de suspense.

A lista já vai longa, espero que encontrem algo do vosso agrado. Um abraço e boas leituras natalícias.


terça-feira, 19 de novembro de 2013

The Conjuring

Para fechar o mês de Outubro mais dedicado aos horrores (acabei por não fazer tanto quanto queria mas o tempo não permitiu para mais), nada melhor que na noite de Halloween ver um filme que se enquadra no espírito, ou neste caso espíritos. E foi mesmo isso que fiz no passado dia 31 de Outubro.

The Conjuring foi uma das sensações de bilheteiras deste ano ( na semana de abertura as receitas duplicavam o budget ). Um filme com baixos custos de produção que apanhou tudo e todos de surpresa, o que acaba por não ser assim tão surpreendente pois se as coisas forem feitas com qualidade e levadas a sério, os resultados reflectem-se. Cada vez mais estes filmes indie ou com orçamentos mais reduzidos fazem ver aos grandes blockbusters de Hollywood.


Mas voltando a The Conjuring. O filme abre com um dos casos da dupla de investigadores paranormais, Lorraine Warren e Ed Warren, esposa e marido. Três jovens participaram numa sessão de espiritismo e acabam por dar permissão a um demónio para entrar numa boneca. É apenas uma breve introdução à dupla de investigadores, mas algo no meu ADN me faz ter um terror absurdo de bonecas de porcelana possuídas por entidades demoníacas.


Saltamos depois para uma cena em que uma família numerosa chega à sua nova casa, em estilo típico colonial americano, à beira de um lago com uma grande árvore despida a dominar a entrada da propriedade. À medida que os dias vão passando, pequenos acontecimentos deixam transparecer que algo fora do normal se passa, relógios param exactamente à mesma hora, ruídos e odores estranhos, a morte misteriosa do animal de estimação, tudo são pequenos indícios que vão aumentado a tensão ao espectador.

Esta primeira parte do filme, mais calma, serve para nos acostumar aos personagens e para os desenvolver, trabalho que está exemplarmente executado, tanto pelo argumento como pelos actores. É certo que nenhum irá ganhar um Óscar com a performance, mas desempenham o papel de forma bastante convincente.

Já na segunda parte, o ritmo aumenta e somos mergulhados no pesadelo que esta família enfrenta todos os dias que passam na casa. Gostei bastante do filme, e embora os sustos estejam presentes, o que mais se destaca é a sensação de opressão que a família enfrenta todas as noites, o medo do desconhecido ( pois que outro medo é maior que esse medo primordial ), e principalmente pelo facto de toda a história ter sido baseada em factos reais. O horror que esta família atravessou faz parte do arquivo de casos que os Warrens resolveram.

Se é verdade, ou se não passa de um embuste, não me cabe a mim decidir. Apenas posso dizer que se trata de um bom filme de horror para fechar este meu mês dos horrores, e que recomendo. No meio de tantas produções com valores estratosféricos que cheiram a mofo, The Conjuring é uma boa lufada de ar fresco.
O meu conselho? Sentem-se na sala, apaguem as luzes, e apanhem um susto.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Exorcista

Como me tinha proposto, iria ler dois livros presentes na lista de livros mais assustadores que os leitores do Bookdepository tinham votado para este Halloween. Os livro eram para ser o The Shining de Stephen King e um dos seguintes Dracula - Bram Stoker ou 1984 - George Orwell. Ora como nada na vida é certo e corre como planeamos, houve um ligeiro desvio e acabei por ler O Exorcista de William Peter Blatty. E não podia estar mais contente por o ter feito.

Muitos já viram o filme homónimo, que é um verdadeiro clássico do terror. Lembro-me, há uns anos atrás quando ainda se alugavam cassetes em clube vídeos, fomos numa bela tarde alugar o exorcista, eu e mais quatro amigos. Sentámos-nos confortavelmente nos sofás da minha sala e começamos a visionar o dito filme, do qual apenas sabíamos que era "de meter medo". Chegamos à parte em que a rapariga possessa desce as escadas qual aranha... Pausa. Cassete para a caixa. E fomos fazer algo que nos fizesse rir, aquilo era demais para garotos da nossa idade. Tenho a dizer que nunca mais peguei no filme para o ver todo, e mesmo sabendo que agora o iria ver de ponta a ponta sem qualquer problema, a verdade é que me lembro bem demais, mesmo passados todos estes anos, o medo que aquilo me fez sentir.

Foi então com um certo historial que me cruzei com este livro numa das minhas idas à livraria. Peguei nele sabendo que também fazia parte da lista, vi o preço, 3,5 euros. Sim isso mesmo, um clássico por apenas 3,5 euros! Como é óbvio tomei de imediato a decisão de o levar comigo e dar-lhe uma nova casa na minha estante.

Abordei o livro sem qualquer tipo de expectativas, além de que seria um livro de terror e que se o filme fazia justiça ao material escrito em que se baseava, iria ter cenas aterradoras. Basicamente pensei, será um livro de terror.

Não podia estar mais enganado. Não que não seja um livro de terror, porque o é, mas é tão mais que isso. É uma verdadeira experiência de leitura. Único. O primeiro impacto que tive foi quando me deparei com uma prosa fluída e bem trabalhada, que tece uma teia com todos os pequenos pormenores, os quais muitas vezes achamos insignificantes na altura mas nos levam a perceber as personagens, tornando as mesmas mais humanas, bem como todo o mistério que se vai desenrolando. De tal modo me apanhou de surpresa a excelência da prosa de Blatty que me perguntei o porquê de não ser um autor mais conhecido, ou com mais livros publicados.


O Exorcista trata da história de uma menina de doze anos que ao que tudo indica é possuída por um demónio. E digo "ao que tudo indica" porque aí está outra das coisas que me apanhou de surpresa, nunca no livro nos é dada a total certeza que a menina está de facto possuída. Procurando-se sempre uma razão psicológica, um distúrbio mental como a razão dos factos paranormais que a afectam.

Mas como grande livro que é O Exorcista é muito mais que um simples despejar de cenas horríveis e assustadoras. Embora elas existam e sejam assustadoras. Mais até ao nível da fragilidade humana, o definhar aos poucos de uma criança saudável, a queda num abismo de loucura e doença. Como disse, o livro é mais que isso. É a história de uma mãe desesperada, que tenta com todas as armas que tem à sua disposição, mesmo quando essas vão contra todas as suas crenças e a sua racionalidade, salvar a filha.
A história de um padre com uma crise de fé, que teme ter sido abandonado pelo seu Deus quando ele próprio abandonou a sua mãe idosa.
Um detective com graves problemas respiratórios que tenta desvendar um crime deveras peculiar. E um exorcista que teme o destinado reencontro com uma força sobrenatural, a qual irá batalhar até um dos dois sucumbir.

É este o quadro que O Exorcista pinta, tendo como principal destaque a prosa de Blatty. Como já podem ter adivinhado adorei o livro, fiquei completamente rendido a este clássico do horror. A cena final apanhou-me de surpresa, e é de tal modo comovente que me emocionou. Este livro vai ficar presente na memória durante muitos e muitos dias. E isto tudo por apenas 3,5 euros! Não há desculpa, vão já comprar. 

domingo, 20 de outubro de 2013

Dresden Files

"Perdidos e Achados. Investigações Paranormais. Consultoria. Preços Razoáveis. Não faço Poções do Amor, Carteiras Sem Fundo, ou Outros Entretenimentos."



É assim que se apresenta Harry Dresden, o único detective privado feiticeiro em Chicago.

Jim Butcher traz ao mundo da Fantasia Urbana, que até está muito em voga nos dias que correm, uma personagem que cheira a novo (como dizem os americanos). Dresden Files, que se iniciam com "Storm Front" são o relato dos "casos" com que Harry Dresden se depara, narrados pelo próprio. Num ritmo sempre frenético Harry descreve as suas desventuras com o paranormal, sempre com um tom irónico, e humor negro que caracterizam a personagem.

Harry apesar da sua posição privilegiada no mercado dos detectives privados que dominam o oculto, não tem filas de clientes a bater à sua porta, e vai ganhando a vida com a parceria que mantém com o Departamento de Investigação Especial da polícia de Chicago, chefiados pela tenente Murphy. Dresden serve de consultor para os casos fora do normal, acabando por desenvolver uma amizade peculiar com Murphy.

Ajudado por uma caveira falante que serve de Enciclopédia do Oculto, munido dos seus artefactos mágicos, e não esquecer a sua gabardina negra, Harry Dresden luta contra feiticeiros negros, vampiras sexy donas de bordéis, lobisomens, e gangsters que dominam o sub-mundo do crime.

Recentemente acabei o segundo livro da serie, "Fool Moon" e não o tendo apreciado tanto como o primeiro, acabou por ser uma leitura agradável, rápida e cheia de acção, características que já associo aos livros de Jim Butcher. O humor é uma constante o que ajuda a tornar a leitura mais leve, mas podem se esperar momentos de tensão e mistério, pois Butcher é conhecido por atirar o feiticeiro em situações complicadas e sem solução à vista. São livros leves, que se podem ler despreocupadamente e no final ter um sentimento de satisfação, ficando o desejo de ler o próximo. O livro indicado quando queremos descontrair e fazer um intervalo de leituras mais "pesadas". 

Dresden Files é portanto uma leitura bastante agradável, e neste momento a única neste sub-género da fantasia urbana que me diz algo. Talvez The Iron Druid Chronicles de Kevin Hearne, tem recebido boas críticas, mas de momento não tenho tempo para mais que uma serie do género.

Harry Dresden foi também levado ao pequeno ecrã numa série telvisiva The Dresden Files, a qual nunca vi e teve apenas uma temporada.

Fica aqui também uma espécie de apelo às editoras nacionais, existe boa fantasia urbana, escusamos de ser bombardeados com fantasia sexual barata que acaba por rotular o sub-género injustamente. Tendo também como vantagem Butcher ser um escritor prolífico, contando já com 14 livros publicados na serie Dresden Files e 6 na sua série de fantasia Codex Alera.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Halloween is Coming


É verdade o Halloween está a chegar, e embora não com a mesma notoriedade que se observa nos EUA ou UK, há sempre algumas pessoas que aproveitam para fazer umas travessuras aqui e ali. Já eu vou tentando não fazer muitas ( e não faço,sou um santo eu) mas tento tornar o mês de Outubro o meu mês dedicado mais aos sustos e ao horror. Não sou nem de perto um perito na área, mas desde há uns anos para cá que vou tentando alargar o conhecimento neste ramo do Fantástico. E afinal, quem não gosta de um bom susto de quando em vez?!


Uma das formas a que me socorro para colmatar essa minha falta de conhecimento na hora de escolher um livro ou um filme são listas. Adoro listas. Final do ano é das minhas alturas favoritas, melhores filmes do ano, melhores livros, melhores álbuns, são um poço de conhecimento. E foi isso mesmo que o www.bookdepository.com fez este ano para esta quadra dos horrores.

Pediu aos seus utilizadores para votarem nos livros mais assustadores de sempre e o resultado foi este top 20.

Como todos os tops, não vai agradar a toda a gente, e muitos podem argumentar que determinado livro é mais assustador que outro, ou que não tem qualidade. Eu encaro estas listas não como um ranking de qual o melhor, mas sim como uma fonte de informação.


No topo da lista temos Stephen King, um dos autores mais conhecidos da lista (se não o mais conhecido, e com certeza o que mais vende) com um clássico "The Shining". Por muitos considerado o melhor livro do autor e o mais assustador. Nunca o li, vi apenas o filme homónimo de Kubrick . Aliás dos vinte livros li apenas "Salem's Lot" também de King, "Silence of the Lambs" de Thomas Harris e vários contos de Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft.

Um dado curioso prende-se com a inclusão de "1984" de George Orwell, que não sendo um livro propriamente de horror (andaria mais por campos do Sci-fi) muitos acharam que era suficientemente assustador para o incluir na lista. E a meu ver com razão, a ideia de ter um "Big Brother" (não o da TVI) onde todas as tuas acções são controladas não é confortável para ninguém, e é a prova que nem sempre são preciso monstros estranhos para assustar, por vezes os monstros mais familiares são os mais assustadores.


Da lista queria ver se conseguia neste meu mês dos horrores ler o "The Shining", e aproveitar que os tenho na estante e ler "Dracula" de Bram Stoker ou "1984" de Orwell.  

Neste mês de Outubro, se nunca leram um livro que vos fizesse arrepiar a pele, porque não pegar num exemplar da lista e experimentar um (Buh) susto!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Reanimator- H.P. Lovecraft


Ainda impulsionado por Re-Animator o filme, agora Herbert West - Reanimator o conto de H.P. Lovecraft que deu origem ao filme de culto.


Tenho esta colectânea de contos de Lovecraft na estante à bem pouco tempo e ainda não tive tempo de lhe pegar e ler um conto sequer. Ora como sabia que o filme havia sido baseado numa das histórias mais famosas de Lovecraft decidi dar uma olhadela não fosse o conto estar presente. E lá estava ele à espera de numa noite fria e ventosa, quando toda a gente recolhe para o aconchego fugindo dos calafrios da noite, que uma alma corajosa enfrentasse uma outra espécie de calafrios.

Horror ou Comédia?!

Aqui há dias, numa dessas noites aborrecidas em casa, eu e outro colega de casa decidimos ver um filmezinho para passar o tempo. Foi me dado o poder de escolha, e entre as centenas de filmes há disposição na altura foi escolhido Re-Animator.



Re-Animator (1985) é um filme de horror realizado por Stuart Gordon, e com Jeffrey Combs, Bruce Abbot, Barbara Crampton e David Gale nos papéis principais.

A cena de abertura arrancou à audiência (eu e o meu colega) um estrondoso "eh lá". O início do filme mostra-nos num horror nonsense, quase cómico, em que tom a narrativa se vai passar. Os efeitos, agora datados, da altura ajudam também à festa ( e ao charme do filme, efeitos práticos na minha opinião são superiores ao abuso do CGI de agora, mas isso é outra conversa). Em Re-Animator acompanhamos o percurso académico de um jovem médico, Herbert West (Jeffrey Combs) , quando chega à Miskatonic University vindo do Instituto de Medicina de Zurich na Suiça.

West aluga então um quarto com outro estudante da universidade, Dan Cain (Bruce Abbot), e transforma a cave no seu pequeno laboratório para prosseguir as suas experiências. Ora sem querer estragar muito da história - West quer provar que consegue trazer à vida, com um soro verde fluorescente desenvolvido por ele, seres finados e assim quebrar as barreiras da própria morte. Munido com a seringa cheia do seu soro cor radioactiva, vai re-animando corpos primeiro de animais e inevitavelmente mais tarde de humanos. Mas algo corre mal (claro está) pois os corpos quando são re-animados revertem a um estado de selvajaria e tentam passar à caçarola tudo o que mexe. Ao que West se desculpa dizendo que "não estava fresco suficiente".



À medida que o filme se desenrolava fomos transportados no carrossel de violência e do puro absurdo. West sempre no seu tom sério e macabro consegue arrancar gargalhadas como ninguém. A uma altura do filme decapita um médico rival e injecta o soro na cabeça e no corpo decapitado. Nunca o uso de uma cabeça falante foi tão cómico. Pérolas como a cabeça estar fechada num saco de viagem e inspirar profundamente quando abrem o saco dizendo "está muito melhor". Ou de ter que estar numa travessa de sangue para subsistir. Com o corpo a servir de mordomo da cabeça e levá-la para todo lado.

"Muito melhorrrrrrr"


No meio de tanta risada descontrolada chegamos ao confronto final, e que confronto esse! Desde cabeçadas à cais sodré a uma cabeça decapitada, a vísceras assassinas que saltam da cavidade abdominal para se enrolarem ao pescoço das vítimas e sufocá-las, à cena final que embora até certo ponto previsível não deixa de ser perturbadora.

Re-Animator  é dos melhores filmes de horror/comédia que já vi. O meu colega não tardou a classificá-lo como o pior filme que viu, mas sempre que nos lembramos de alguma cena eu vejo um brilho especial nos olhos dele, sei que nunca vai esquecer esta pequena pérola, e que no fundo gostou tanto do filme como eu. Até porque vou propor que este filme seja visionado todos os anos, numa noite aborrecida,  pelo meu grupo de amigos. Vai ser uma espécie de ritual. Se gostam de horror nonsense e querem dar uma boa gargalhada, este filme de culto é o indicado. Dizer também que é baseado num conto do grande H.P. Lovecraft, conto esse que ainda não li, mas vou tratar de preencher essa falha.

Fica aqui um pequeno trailer:




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

GeekingOut

Ora viva pessoas! (Robots, semi-deuses, vampiros, IA e afins são igaulmente bem-vindos)
Bem-vindos à minha pequena cave, numa galáxia far far away nos confins da Net, onde vou partilhar as minhas pequenas obssessões,todos as temos, sendo que as minhas abrangem a maioria dos aspectos do Fantástico. Filmes, jogos, livros, comics, series, a traquitana toda!

É facto que existem por aí uma quantidade bastante apreciável (enorme) de blogs do género quer internacionalmente, quer mesmo a nível nacional onde a nossa comunidade cada vez maior se vai expressando. Com certeza a grande maioria dos blogs será mais interessante que o meu (não o meu é o melhor, só estou a jogar a carta da humildade) e mais bonitos e com mais informações, mas!! O meu objectivo é apenas partilhar com o mundo o que dá corda ao geek que há em mim, em termos do Fantástico está claro não vamos entrar ao barulho com processos biológicos e afins.

Portanto mais uma vez bem-vindos ao GeekingOut!

E vamos já começar! Visto que acabei há pouco o livro que estava a ler, e foi esse mesmo livro que me impulsionou para a criação da minha pequena cave. Porque isto de se ser um chamado geek e não ter mais ninguém para se partilhar o entusiasmo é aborrecido.

O culpado: Ready Player One – Ernest Cline 


No distópico ano de 2044 o mundo basicamente está à beira da ruína. Uma dúzia de guerras assolam o globo, a crise energética profetizada décadas antes tornou-se bastante real, estados são meras fachadas pois quem governa são mega corporações. A única coisa que permite ao cidadão comum fugir do mundo lá fora é um jogo. Um jogo online de realidade virtual, o OASIS.

Wade Watts é mais uma pessoa que para fugir do mundo real mergulha nos muitos mundos virtuais do OASIS. Wade vive num trailer stack que mais não é que um arranha-céus precariamente construído de caravanas. Num dia como tantos outros, o mundo de Wade e o de outros tantos usuários do OASIS muda radicalmente. O lendário programador do OASIS, James Haliday, deixa uma última mensagem antes de morrer, a qual pode mudar o futuro de Wade e tirá-lo da precariedade dos stacks. Haliday escondeu dentro do jogo três chaves que abrem três respectivas portas. O primeiro jogador a encontrar as chaves e abrir todas as portas terá como recompensa nada mais nada menos que o controle de toda a empresa de Haliday, e consequentemente do OASIS.

E se toda a ideia de uma caça ao tesouro virtual não fosse suficiente, o que se destaca em Ready Player One são as suas referências à cultura pop dos anos ’80. Haliday havia sido um miúdo obcecado com os anos ’80 e todas as pistas indicavam que para se ser bem-sucedido na caça ao seu Easter Egg (nome dado ao conteúdo bónus escondido em videojogos) os caçadores teriam que ter um grande conhecimento da cultura de então.
 Desde jogos icónicos em máquinas de moedas (quem não se lembra delas?!), a filmes clássicos como WarGames ou Blade Runner, a Dungeons & Dragons  e desenhos animados como G.I. Joe, as referências não param. Um autêntico hino à nostalgia que vai apelar a todos os agora homens e mulheres que cresceram nessa década. Ora eu que nasci nessa década mas sendo um ’90 kid apanhei a grande maioria das referências, aparte das mais obscuras ou que não tiveram tanta voz deste lado do Atlântico, portanto penso que qualquer pessoa pode apreciar o livro. A história está bem contada, com ritmo rápido de descoberta em descoberta, e quando damos conta estamos completamente imersos no mundo virtual de OASIS, na vida das personagens que acompanham Wade Watts na busca pelo Egg à medida que enfrentam uma mega corporação que procura o domínio do OASIS para proveito próprio.

 Mas o encanto de uns pode ser o desencanto de outros, nem toda a gente poderá se interessar pela cultura pop daquela época, ou podem ser afastadas devido às referências serem demasiado obscuras. O que a meu ver até poderia servir de incentivo para se conhecer e esmiuçar o que de melhor se fez na altura, principalmente a nível cinematográfico. O info dump pode aborrecer algumas pessoas, não senti que fosse assim tão evidente mas há quem se queixe. Outro pequeno senão, o livro não está editado na língua de Camões, sendo que só quem se sinta à vontade em ler inglês vai poder entrar no OASIS.

Em suma um livro que apela à nostalgia de todos que cresceram nos ’80 ou mesmo nos ’90, e que recomendo vivamente. No Goodreads atribuí uma pontuação de 5 estrelas. Este vale a pena gente.

Já agora a minha página no Goodreads é esta: https://www.goodreads.com/user/show/4762435-rui-e

Boas leituras!