quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Leitor de Cadáveres

"Na antiga China, só os juízes mais sagazes atingiam o cobiçado título de «leitores de cadáveres», uma elite de legistas encarregados de punir todos os crimes, por mais irresolúveis que parecessem. Cí Song foi o primeiro."

Estava dado o mote, para o que tudo indicava, estar na presença de um bom livro histórico, baseado numa época interessante de uma cultura milenar, e na vida e obra do pai do CSI. Mas a verdade é que o autor não soube aproveitar o material que tinha em mãos, e acabou por entregar um livro, a meu ver, vazio.

As expectativas são uma coisa tramada. É óptimo quando abordamos um livro com as expectativas em alta e somos surpreendidos quando ainda assim são superadas. E é péssimo quando, como aconteceu neste caso, são defraudadas. A verdade é que este livro tinha tudo para dar certo, se não vejamos: a cultura chinesa de então é riquíssima e tem sempre um apelo exótico para nós ocidentais, e a figura de Cí Song por si, quem não se interessaria pelo pai da ciência forense? Estamos a falar de um individuo que no século XIII resolvia crimes com ciência, e fazia testes de paternidade!

Tomei conhecimento do livro através de um post de promoção do próprio autor, Antonio Garrido, no io9.com. Com pena minha o post de promoção cativou-me mais que o livro propriamente dito. O problema do livro , ou o que me fez pousar o livro com um impropério e dizer "fico por aqui", é o facto de não haver conexão nenhuma entre as situações que o autor nos esfrega na cara. Dá a sensação que leu imenso sobre a cultura e costumes de então, e os quer espremer "à força toda" no livro, sejam eles relevantes ou não. O autor deveria com isto querer descrever o ambiente da China do século XIII, mas acabou por saber a info dump

Outro dos problemas prende-se com o facto da personagem principal, Cí Song, ser exactamente o oposto do que deveria ser. Na tentativa de criar uma personagem inteligente, mas socialmente obtusa, acabamos por ter alguém que foge ao mínimo confronto, e que acaba por resolver as contrariedades que vão surgindo quase por sorte.

Em suma, não me senti transportado para a Antiga China, a personagem de Cí Song não me cativou, e dificilmente voltarei a ler outro livro de Garrido, pois o problema foi mesmo a sua forma de escrita, porque a ideia era boa. É verdade que não acabei o livro, desisti na página 200 e qualquer coisa, e que há uns tempos atrás não o faria, remando contra a maré até acabar o livro, mas como Robin Hobb disse " Não acabo livros que não gosto. Há demasiados bons para serem descobertos".

Terei que saciar a vontade de um bom livro histórico noutro sítio, opções não faltam por isso venha o próximo. Ainda assim não quer dizer que outro não apreciem "O Leitor de Cadáveres" , a mim não me encheu de todo as medidas, e sabendo que há melhor, o meu tempo é também melhor empregue.

3 comentários:

  1. Viva Rui,

    pena, mas isto dos livros é mesmo assim, se não está a ser bom o melhor é mudar para outro sem duvida :)

    E tinha todos os ingredientes para dar certo :(

    Abraço!

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  2. Sim é uma pena mesmo, estava mesmo com uma boa sensação quanto ao livro. Mas paciência, agora segue-se um FC, e vou voltar ao romance histórico com Bernard Cromwell com Rei do Inverno.

    Abraço!

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  3. Viva,

    Fazes bem e esse de Romance Histórico é excelente, embora seja sobre Artur, que há imensos livros sobre o tema ;)

    Por estes lados estou mesmo numa de Romence Histórico, David Liss e está a ser fixe ;)

    Abraço!

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